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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Querendo ou não.

     Trevor pra variar nunca havia ficado muito tempo no mesmo lugar. Feito a mesma coisa por muito tempo, mas ao voltar para Arlington ele se contentou morar nos fundos da oficina onde trabalhava por um tempo. O tempo que passou e ao qual ele conhecerá Helena. Talvez a promessa para seus pecados.
     As brigas andavam frequentes e Helena não aguentava mais a voracidade com que Trevor jogava as palavras em sua cara após alguns goles no bar que ele costumava ir. Seu cotidiano andava cheio de, irritabilidade, tédio, desconforto... E o que ele mais odiava, MONOTONIA. Helena andava distante e após uma semana com seus corpos afastados a vontade que Trevor sentia era de sumir na estrada como ele sempre fazia quando nada estava a seu favor. Quando estavam juntos pareciam duas crianças bobas criando um futuro imprevisível, mas quando a vontade apertava a cama era o elo de união para este casal nada tradicional.
     A agonia de vê-lo daquele jeito sufocava Helena, aquela que afinal era ingênua e não passava da filhinha do papai que aceitava as regras e se pendurara naquele amor impossível para fugir da sua realidade constante e esgotante. Mas por que não ir vê-lo? Por que deixa-lo se machucar daquele jeito? Por mais que as regras fossem o seu forte ela estava disposta a fazer tudo, mesmo sendo improvável, pelo cara que ela dominava e amava na cama.
     Não demorou muito e Helena já estava nos braços de Trevor, no fundo daquela mecânica velha e suja a óleo diesel sentada em seu colo descobrindo suas costas em um ato nada apressado. Trevor gelou ao se perguntar se era certo o que estava fazendo com o coração daquela mulher, se era certo a merece-la sendo tão imundo e arrogante. Pra ela nada disso importava, seus beijos eram mais preciosos, e seu tempo ao lado dele valeria mais a pena do que pensar em algo que seria jogado fora. Helena não gostaria de fugir, esse não era seu forte, mas não deixaria seu futuro instigante ser jogado pela janela assim com tanta facilidade. Por detestar partidas deixou apenas um bilhetinho em cima da mesa da cozinha, claro que quando George, seu pai, acordasse seria a primeira coisa que veria lhe esperando ao invés da sua caneca quente de café. Uma bolsa com o mais necessário já era o suficiente, Trevor a pegou as 4 da manhã para dar tempo de ver o nascer do sol em sua partida.
     Um dia talvez eles voltariam. Pelo menos Helena gostaria e Trevor a atenderia sem pestanejar para não perder mais, nem se quer, um segundo longe da mulher que ele jurou amar como nenhuma outra. O qual  aceitou, mesmo sendo proibida, a dar a mão. Para o pior cafajeste de Arlington. Para o mesmo que ela não deixaria por nada.
     Eles se gostavam? Incansavelmente.  Querendo ou não já estavam prendidos a um destino. Aquele que eles nunca sonharam um dia.


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